sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A Beretta disse o que eu precisava dizer.. Mas aquela noite foi em silêncio.


...eu abri uma grande porta de ferro no estilo medieval, e um velho trajado com uma impecável roupa social preta, com uma sigla bordada em vermelho no colarinho da camisa me cumprimentou,  estendeu a mão para indicar o caminho, e sorriu.
Caminhamos por um corredor iluminado com luzes também vermelhas, o lugar tinha uma iluminação fraca. As luzes davam um tom sombrio e ao mesmo tempo cômico ao ambiente. Eu tinha a impressão de que estava em um castelo antigo, isso me trazia um leve sorriso de canto de boca sempre que eu pensava no tal castelo.
Ele me estendeu a mão novamente e apontou para a mesa. Puxou uma cadeira e disse que retornava em um instante.
Logo que o velho senhor saiu, uma moça de cabelos ruivos apareceu frente a mesa. Ela me fitou e deu um passo a frente segurando no encosto da cadeira com as duas mãos. Eu estava com a cabeça abaixada, mas conseguia ver claramente ela olhando pra mim. Ela tinha um corpo muito bonito, era uma verdadeira tentação pra qualquer homem que desejasse um diversão. Parecia uma daquelas modelos obcecadas por beleza.
Sem pronunciar palavra alguma, ela puxou a cadeira mais próxima à mim e sentou-se. A moça segurava uma taça de dry martini com uma mão e com a outra segurava um palito que tinha metade de uma azeitona mordida na ponta. Ela disse o nome dela, era algo parecido com Maria Torres, Maria alguma coisa, tanto faz.
Após alguns minutos de silêncio ela perguntou quem era eu e quase que na mesma frase me pediu um cigarro. Eu abri o paletó em silencio e peguei o maço de cigarro que estava no bolso direito, dei o cigarro e coloquei o isqueiro na mesa.
Quando ela novamente começou a falar, eu sutilmente coloquei a mão dentro do paletó e tirei uma Beretta .40 que eu carregava comigo, era um presente ganhado pelo meu avô quando eu completei 18 anos. Ele dizia que se eu soubesse usar uma arma como um homem, eu saberia como ter um bom relacionamento com as pessoas. 
Ainda tinham 16 balas das 20 que ela suportava, estava bastante pesada.
Quando eu coloquei na mesa, a garota arregalou os seus grandes e lindos olhos azuis para mim e saiu andando rápido, completamente desajeitada de tanto medo.
Depois de eu ter fumado uns quatro cigarros, o velho reapareceu na minha frente com uma garrafa de whisky. Naquela noite eu tomei meio litro de whisky e quatro latas de cerveja, depois horas bebendo eu vi o velho colocando as cadeiras em cima das mesas, e uma mulher mal humorada passando pano no balcão. O velho perguntou se eu precisava de ajuda com aquilo, por que ele conhecia um alguém que conhecia alguém que não exitaria em puxar o gatilho, com o cano daquela Beretta na minha têmpora, em troca de umas moedas. Mas ele entendeu errado, ou talvez, ele não entendeu o real motivo pelo qual aquilo estava comigo.. Ele não sabia que faltavam quatro balas no pente, e que toda manhã quatro novas balas eram recarregadas pra repor as da noite anterior. 
Eu levantei e caminhei até a porta, e pude ouvir o velho dizer baixinho:
- Depois que ela se foi... esse garoto nunca mais foi o mesmo. Mais uma vez o garçom reserva uma mesa individual. Ele tira a própria vida aos poucos. É mais fácil ele meter uma bala na cabeça de uma vez e acabar com esse sofrimento.

0 comentários:

Postar um comentário