sexta-feira, 27 de abril de 2012

Roma.



Sinto-me atentado a escrever sobre o amor. A ponta da caneta cria vida e percorre o papel, ora como a mão de um marido apaixonado, deslizando carinhosamente sobre o corpo nu da sua senhora na noite de núpcias, ora como os caninos de uma hiena dilacerando sua presa. Amores jovens, amores quentes. Grandes, pequenos, coloridos, preto e branco, doce, amargo. Perder-me-ia citando formas e texturas de amores loucos, de loucos amores que observo pelas estradas em que caminho. Todos amam, todos amam, todos querem amor, mortais e deuses buscam viver essa psicose ardente. Ordinariamente são poucos os felizardos. Rasga-se o véu e tudo se torna cólerico. Aquele belo sentimento agora é fétido, a imaculada comunhão hoje sela o mundo com silêncio, incessantemente, martirizando os dias sem fim. E se não houvesse outras centenas para alimentar a sua luxúria? É uma incerteza constante, nada que se possa controlar, nada que se deva temer. Retorno meu coração para o céu e deixo esse o vento gelado costurar minhas feridas.





1 comentários:

euu disse...

Acho que é o único cara que eu conheço que sabe escrever.

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